Desde que comecei a facilitar Workshops de Management 3.0, meus amigos me perguntam: “mas afinal, o que é Management 3.0?”. Por isso me senti motivada a escrever este artigo e responder para mais pessoas que tenham a mesma dúvida.
Management 3.0 surgiu a partir da publicação do livro do holandês Jurgen Appelo, escritor, palestrante, desenvolvedor, empreendedor, ilustrador, gerente e blogger. O autor do best seller diz que “devemos reinventar a gestão para que possamos endereçar os desafios que o mundo dos negócios nos oferece nos tempos atuais”. Assim, ele descreve em seu livro o papel de um líder em organizações ágeis.
“A gestão não consiste em selecionar as melhores ideias; e sim criar um sistema que permita emergir as melhores ideias. ” J. Appelo
Há muita referência a respeito de métodos ágeis, porém com foco no desenvolvimento e gestão de projetos. Entretanto, pouco se fala sobre liderança e, neste contexto, as práticas propostas por este movimento vieram para cobrir uma lacuna.
O que é Management 1.0?
Para muitas organizações uma prática comum é que elas sejam gerenciadas como máquinas. Por conseqüência, o trabalhador é visto como uma peça na engrenagem. Nós chamamos isso de Gestão 1.0. Neste estilo de gerenciamento, líderes assumem que para melhorar o todo é necessário monitoramento, reparação e substituição de partes.
O que é Management 2.0?
Em uma organização que aplica Gestão 2.0, todos reconhecem que “as pessoas são os ativos mais valiosos” e que os gestores devem se tornar “líderes servidores”. Porém, ao mesmo tempo, os gestores preferem manter a hierarquia. Talvez você, como eu, tenha lido O Monge e o Executivo.
O que é Management 3.0?
Algumas pessoas pensam em uma organização como uma comunidade ou uma cidade. Nesse sentido, você pode fazer o que quiser, contanto que você permita que a comunidade se beneficie do seu trabalho. É isto que chamamos Gestão 3.0.
Com a disseminação do movimento, houve a necessidade de estabelecer os princípios que o norteiam e inspiram o desenvolvimento de práticas e jogos que tem por objetivo tornar a o propósito do movimento uma realidade.
Quais os princípios deste movimento?
- Engajar as pessoas e suas interações: Envolva as pessoas no trabalho e também na interação entre si;
- Melhorar o sistema de trabalho: O sistema não é só a equipe em que você atua, mas todos aqueles com quem se relaciona. A equipe é uma parte de um sistema maior.
- Ajudar a encantar todos os clientes: Os clientes não são apenas nossos clientes externos; em suma, consideramos clientes, todos os envolvidos no sistema. Por exemplo: colegas de trabalho, outras equipes, clientes, acionistas, etc.
- Gerenciar o Sistema, não as pessoas: Acreditamos que é difícil mudar o comportamento das pessoas. No entanto, quando você altera o ambiente, as pessoas terão que se adaptar e mudar seu comportamento para se ajustarem ao novo ambiente.
- Co-criar o trabalho: Os colaboradores não apenas co-criam o trabalho juntos, como também são incentivados a oferecer feedback uns aos outros.
As 6 perspectivas propostas
Estes principios, norteiam as 6 perspectivas do movimento. As perspetivas tem como propósito organizar as práticas e nortear sua aplicação.
Energizar as pessoas
Já que reconhecem que as pessoas são o mais importante, os líderes devem buscar mante-las ativas, criativas e motivadas. Por isso, torna-se fator crítico de sucesso, conhecer a equipe e abrir espaço para compreender o que motiva cada indivíduo. O jogo dos motivadores proposto por J. Appelo é uma grande ajuda nesta jornada.
Empoderar a equipe
Os colaboradores podem se auto-organizar e isto requer empoderamento, autonomia e desenvolvimento de uma boa relação de confiança. Certamente, empoderamento tem sido uma palavra amplamente empregada em nosso contexto atual, mas só é possível quando há equilíbrio entre poder e capacidade.
Alinhar restrições
A auto-organização pode levar a qualquer lugar, se não houver um propósito e metas claras. Dessa forma, os líderes precisam investir tempo em dar clareza de propósito e facilitar a compreensão sobre o que se busca alcançar.
Desenvolver competências
Para atingir seus objetivos os colaboradores precisam estar suficientemente capacitados. Ou seja, não há empoderamento e auto-organização sem capacidades desenvolvidas.
Crescer estrutura
É importante que a estrutura organizacional facilite a comunicação entre os grupos. Isto dará condições para que o organismo cresça de maneira sustentável.
Melhorar tudo
Como lidar com as falhas e desenvolver uma cultura de aprendizado. Só para ilustrar, a principal ferramenta abordada nesta perspectiva é o Quadro da Celebração. Nele os resultados são comparados aos comportamentos ou fatos gerados. Além disso, a experimentação é a palavra de ouro.
O foco do líder deixa de ser controlar a equipe, mas passa a ser o de apoiar e garantir que não existam bloqueios para que tudo flua garantindo um ambiente de confiança em que todos possam ser criativos e trabalhar efetivamente juntos.
Este é um movimento de transformação do estilo de gestão, onde as pessoas são a parte mais importante do sistema. Dessa forma, o papel do líder é mantê-las motivadas e engajadas. Em ambientes complexos e que mudam constantemente, uma gestão que abraça a mudança e encoraja outros para que façam o mesmo é o que possibilitará uma adaptação ágil ao seu contexto.
“Se as melhores memórias de sua vida são todas sobre suas férias, talvez não devesse voltar ao trabalho amanhã. ” J. Appelo
Ser feliz com que o está fazendo e produzindo, sentir-se reconhecido e valorizado é um dos objetivos deste novo modo de ver a gestão. Assim como, através do exercício da liderança, apoiar as pessoas para que encontrem o caminho.
O que você pode fazer hoje para tornar seu ambiente de trabalho mais feliz e produtivo?