Existe uma revolução acontecendo no mundo. E ela tem nome: a quarta revolução industrial. O enredo perfeito da história de um ser humano comum – terminar os estudos básicos, descobrir o que fazer da vida, encontrar um bom emprego e seguir atualizando seus conhecimentos de tempos em tempos – já não é mais suficiente.
O currículo já deixou de ser o grande diferencial. Muito além da busca por maior capacitação técnica, que continua sendo necessária, é preciso incluir o autodesenvolvimento. O que sabemos sobre nós mesmo, sobre comportamento, emoções e sobre melhores formas de se relacionar com o outro, é o que de fato vai diferenciar o líder do futuro.
Neste mercado de trabalho cada vez mais competitivo e exigente, é questão de sobrevivência que o profissional desenvolva habilidades que antes não eram consideradas essenciais. Sim, sobrevivência.
É uma mudança que já começou
Nos próximos anos a inteligência artificial vai excluir milhares de pessoas do mercado de trabalho. E não somente trabalhadores braçais, também médicos, advogados e professores. E, claro, isso vai afetar a economia global. De acordo com um estudo da Universidade de Oxford, quase metade dos empregos tendem a desaparecer nos próximos 20 anos.
Eu não quero trazer aqui uma visão pessimista do resultado dessas mudanças. Porque na mesma medida trazem muitas oportunidades. Estima-se por exemplo que mais da metade dos empregos que jovens de hoje terão no futuro ainda nem existem. E que o profissional do futuro terá mais de uma carreira ao longo de sua vida.
O novo cenário vai exigir adaptação. E a abertura e disponibilidade para novos aprendizados é uma delas. É o que reforça o futurista Alvin Toffler:
Os analfabetos do futuro não serão aqueles que não sabem ler ou escrever, mas aqueles que não sabem aprender, desaprender e reaprender.
As habilidades do futuro não são técnicas, são comportamentais
De acordo com o World Economics Forum, o profissional do futuro vai precisar saber como pensar e não mais o que pensar.
Essas habilidades conhecidas como soft skills fazem parte de um arsenal que exige do profissional, especialmente do líder, a abertura para se conhecer melhor e mudar hábitos e comportamentos, beneficiando a si mesmo, a sua equipe e o seu trabalho.
Ou seja, vamos precisar criar a habilidade de lidar de forma saudável com tantas mudanças em tão pouco tempo, filtrar as informações e trabalhar integrados com as novas tecnologias e em parceria com sua equipe. Já sabemos: o individualismo é e será cada vez mais um empecilho à produtividade.
1.Resolução de problemas complexos
Tudo novo, se desenvolvendo de forma rápida. Nem sequer podemos prever os problemas que podem surgir. O líder do futuro deverá contar com elasticidade mental para resolver problemas complexos.
2. Pensamento crítico
Envolve raciocínio e lógica. O líder do futuro é também questionador, identificando prós e contras, ponderando ideias ao propor uma solução.
3. Criatividade
Novas tecnologias, novos produtos, serviços diferenciados. A criatividade é característica importante para acompanharmos as mudanças e propor novos produtos e serviços.
4. Gestão de pessoas
Motivar equipes, maximizar a produtividade, ouvir as necessidades da equipe para que se sintam acolhidos e sejam atendidos.
5. Coordenação com os outros
Somos únicos. E saber se comunicar e coordenar pessoas com personalidades distintas é uma habilidade. Isso inclui respeito às diferenças, identificação de traços e habilidades importantes para o desenvolvimento da empresa.
6. Inteligência emocional
Compreender os próprios sentimentos para gerenciar melhor a reação às emoções. Disso se trata a inteligência emocional. Também envolve a empatia, a partir do reconhecimento dos sentimentos das outras pessoas para que a equipe esteja em harmonia.
7. Julgamento e tomada de decisões
Com o grande volume de informações produzidas a cada minuto, será preciso desenvolver a capacidade de filtrar, fazer a leitura e a interpretação para que tomada de decisão seja efetiva.
8. Orientação para servir
Os consumidores e clientes tem se tornado cada vez mais exigentes. E no meio de rápidas mudanças, será fundamental saber orientar, responder dúvidas, se colocar a disposição para servir.
9. Negociação
Negociar com os clientes, com o gestores, com a equipe. Exige o desenvolvimento da confiança interna e a habilidade de leitura do outro.
10. Flexibilidade cognitiva
Ampliar o modo de pensar, se abrindo à diferentes possibilidades para resolver os problemas que surgem no cotidiano. Será preciso desenvolver a flexibilidade, para dar a oportunidade para visualizar os novos padrões e dar lugar a associações únicas entre ideias.
Persistência
Até poderíamos acrescentar a essa lista a persistência. Cada uma dessas habilidades podem ser aprendidas. Não significa que será simples, mas é possível e muito positivo e saudável para cada um de nós. Nesse contexto o autoconhecimento ganha força na medida em que aplicamos o conhecemos sobre nós mesmos na prática.
Que possamos começar cada vez mais cedo, nas escolas, com os nossos jovens, para que a caminhada seja equilibrada, natural e saudável.
É possível. Apenas continue
Por Fabiana Mello – Coaching, consultoria e treinamentos