Como as decisões dos líderes influenciam o propósito organizacional?

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Muito tem se falado sobre propósito organizacional e como empresas orientadas a propósito tem apresentado bons resultados. Além disso, em muitos casos até melhores resultados quando comparados a empresas que mantém o foco apenas no lucro.

Um artigo recente publicado pela Forbes, afirma que em meio a crise provocada pelo COVID-19, empresas orientadas a propósito estão se mostrando mais resilientes. Pois estão reagindo melhor as incertezas que este novo contexto nos apresenta.

Para a Associação Comunitária Monte Azul, este é um tema relevante e porque não dizer parte do cerne da organização. Em seu modelo organizacional há um grupo de pessoas nomeado Conselho de Desenvolvimento, cujo papel é ser guardião deste propósito.

E de onde vem o propósito organizacional? 

Quando uma organização nasce, o propósito organizacional é reflexo da intenção dos pioneiros.

Em seu livro O Capital Espiritual da Empresa – Daniel Burkhard, afirma que missão, visão e valores representam o Eu da organização. Ou seja, a sua identidade. Em uma nova iniciativa a identidade dos pioneiros se confunde a identidade organizacional. 

A medida que a organização se desenvolve, novos colaboradores se integram. Por isso é preciso estabelecer um vínculo entre este novo indivíduo e a identidade organizacional.

Que papel tem o líder neste contexto?

As decisões tomadas pela liderança estabelecem o destino do organismo como um todo. Nesse sentido, precisam estar permeadas pelo propósito, caso contrário, a organização pode se desviar de seu caminho.

Este é um dos temas relevantes propostos pelo mindset Management 3.0: a consciência sobre como as decisões influenciam a cultura organizacional.

Na Associação Comunitária Monte Azul, o Conselho de Desenvolvimento é formado por pessoas que compartilham o propósito organizacional. Dessa maneira, a partir da essência de seus pioneiros, é possível contribuir com a disseminação do propósito que permeia as ações de toda liderança.

Este grupo de pessoas não é o responsável pela execução da estratégia ou pela operacionalização do ideal organizacional. Mas sim de garantir que sua essência se mantenha perene ao longo do tempo.

Assim como no indivíduo, talvez seja possível traçar um paralelo a nossa autoconsciência. Ela nos ajuda a confirmar se estamos no caminho certo.

“Bons líderes produzem bons seguidores”, afirma  Nicholas Epley – professor de ciência comportamental na Universidade de Chicago

Em seu artigo publicado em Harvard Business Review, Nicholas Epley afirma que se o colaborador estiver cercado de pessoas que se comportam de maneira diferente a que propõe os valores organizacionais, por certo acabará fazendo o mesmo.

Esta consciência nos leva a considerar a importância de práticas que disseminam o propósito, sejam aplicadas em todos os níveis organizacionais.

Propósito e nível de consciência organizacional

Richard Barrett em A organização dirigida por valores, afirma que o mais alto nível de consciência organizacional está em criar um ambiente de humildade e compaixão internamente, de tal forma construindo um futuro sustentável para humanidade e o planeta, externamente.

Em minha perspectiva, este é o chamado de nossa época. Assim sendo, precisamos atuar de maneira a garantir um futuro sustentável para aqueles que virão depois de nós e os líderes são os protagonistas deste futuro.

Figura disponível em: ?https://www.valuescentre.com/barrett-model/

Vivenciando o propósito

Como no caminho de autodesenvolvimento, o desafio do Conselho de Desenvolvimento e sua tarefa como contribuição ao organismo como um tudo é não apenas grande, mas desafiador.

Por isso, este desafio é encarado com coragem e confiança, a partir de práticas que de maneira orgânica, possibilitam uma constante revisão, questionamento e adaptação por seus membros.

4 exemplos de como a Associação Comunitário Monte Azul promove a vivência do propósito:

  • Discussão de temas estratégicos que possam impactar a missão e propósito da organização, e por consequência sua visão de futuro;
  • Diálogo com o Conselho de Administração, uma vez que possibilita a interface entres gestores e diretores;
  • Define temas anuais que permeiam o desenvolvimento e cultura organizacional, visto que possibilita sua relação com o mundo atual;
  • Responsável pela Escola Oficina Social.

Além destes exemplos, há o Centro de Pesquisa. Ele tem como objetivo fomentar estudos acadêmicos relacionados a área de atuação da Associação Comunitária Monte Azul.

Esta prática permeia a gestão ao longo de sua existência, todavia neste momento está sendo repensada quanto ao futuro. A conexão entre universidades e iniciativa privada, demonstra que podemos avançar em termos de inovação e sua aplicabilidade.

Em minha imersão na Universidade de Stanford, me chamou muito a atenção os benefícios destas parcerias e as oportunidades que temos com sua aplicação em nossa cultura.

O que é a Escola Oficina Social?

O programa Escola Oficina Social patrocinado pela Associação Comunitária Monte Azul a seus colaboradores, tem como principal objetivo possibilitar a ampliação dos potenciais individuais e sociais de cada indivíduo, vinculando arte e cultura ao cotidiano, permitindo que a criatividade de cada um esteja a serviço do bem comum.

Este é um exemplo, que poderia ser replicado para qualquer organização que busca de fato, um ambiente e trabalho em que a inovação e a criatividade sejam elementos da cultura organizacional. 

O paradigma do passado propõe um olhar para os colaboradores como peças de uma engrenagem, e sendo assim, sem possibilidade de contribuição para tudo o que pode vir a ser neste organismo. 

O currículo da Escola Oficina Social se sustenta em quatro eixos:

  1. Desenvolvimento profissional: para desenvolvermos autonomia, precisamos das capacidades e habilidades necessária para desenvolvimento de nossa tarefa;
  2. Entendimento do mundo e ação do homem: há a consciência de que precisamos entender o mundo em que vivemos. Ou seja, o presente como resultado de ações do passado. Só esta compreensão, nos ajuda a um desenvolvimento sustentável para o futuro;
  3. Tornar-se um agente social: o aprendizado se dá por meio da prática de participação em reuniões, comissões, grupos de decisão e planejamento. Dessa forma possibilita o convívio entre os colaboradores;
  4. Atividades artísticas: estas atividades possibilitam lidar com aquilo que em cada colaborador se torna enrijecido internamente. Possibilitando mais mais leveza, flexibilidade e tolerância no ambiente de trabalho.

Estabelecendo conexão entre os colaboradores

Entre os muitos benefícios da Escola Oficina Social, Valéria Carrilho, uma das gestores da associação e responsável pela área de relações institucionais, considera relevante a melhora no relacionamento entre os colaboradores.

Pois a participação em atividades, além do trabalho em si, vem demonstrando ao longo do tempo, uma ampliação da percepção do outro em outros aspectos, além do profissional.

Este é um exemplo, de como podemos mudar o paradigma da mecanização no ambiente de trabalho. Certamente quando nos olhamos como seres humanos, percebemos que não somente o trabalho define o indivíduo. Ao contrário, existem muitos outros aspectos a serem considerados.

Se você tem uma organização que cura ou adoece, depende da liderança. – Raj Sisodia, cofundador do movimento global Capitalismo Consciente e professor emérito da Babson College

O desenvolvimento organizacional, depende do autodesenvolvimento de seus colaboradores. O movimento Management 3.0, propõe um olhar para a organização como uma comunidade.

Dessa forma, todos tem autonomia, e atuam em busca do bem comum. Você vê convergência com as práticas implementadas pela Associação Comunitária Monte Azul?

Como suas decisões tem influenciado o propósito da organização em que você atua?

Quer conhecer a história da Associação Comunitária Monte Azul e suas práticas de gestão? Leia o livro Transformar é Possível. Você também pode agendar uma visita monitorada (quando o isolamento social acabar!).

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