Feedback, ainda ele! Começo esse texto pensando: puxa vida, falar mais uma vez sobre esse assunto… Será que ainda faz sentido? Não seria um tema quase esgotado? Uma pesquisa americana diz basicamente o seguinte: 2 terços dos líderes entrevistados admitem sentirem-se desconfortáveis quando precisam oferecer feedback. Opa, aí está a minha resposta! Que tema esgotado, que nada! Ainda há muito o que falar sobre este tema para, acima de tudo, fortalecer essa cultura. Então, vem comigo? Vamos falar mais um pouco sobre o assunto!
Feedback: uma prática um pouco mais complexa do que você imagina
Oferecer e receber feedbacks é uma tarefa um pouco mais complexa do que pode parecer em um primeiro momento. Por isso, eu pergunto: você está preparado para receber feedback, seja da sua liderança ou do seu time?
Sempre que falo sobre feedback, eu digo que eu não sei como foram os meus primeiros feedbacks, uma vez que era tudo feito na base da experimentação e do aprendizado. Aliás, desconfio que os primeiros não tenham sido tão bons assim! Hoje, por outro lado, existem diversas ferramentas que auxiliam tanto quem tem que receber, quanto oferecer um feedback, logo, não há mais desculpas para realizar esse processo de qualquer jeito, certo?
Existem dois tipos de feedback
Por isso, gostaria de falar aqui de dois tipos de feedback. Um a ser evitado, e outro, a ser adotado em seu lugar. O primeiro deles é o famoso “feedback sanduíche”, tão estimulado em tempos passados e, até hoje, ainda ensinado em algumas escolas de gestão.
Nele, começamos fazendo um elogio, partimos para uma crítica e finalizamos com outro elogio. Para muita gente, está é a receita ideal para um bom feedback. Para tantos outros, no entanto, é o tipo de feedback que não acrescenta muita coisa. Afinal, estou recebendo um elogio? Uma crítica? É para melhorar? Continuo como estou? Pode acontecer também de a pessoa só se apegar à crítica e ignorar os elogios, deixando-os passar despercebidos. Ou, dependendo da autoestima, o contrário também é real! No fim das contas, o mais comum é que saiamos da conversa sem saber direito o que foi que aconteceu. Ou seja, um feedback que possibilite esse tipo de resultado não pode ser considerado um bom feedback. Sabe para quem o feedback sanduíche é positivo? Para quem oferece, afinal, terminar com um elogio dá uma sensação de que terminou tudo bem.
Jurgen Appelo, o criador de Gestão 3.0, criou o chamado “feedback wrap”, fazendo uma alusão àquele lanche em que todo o recheio fica à mostra. Nesta alternativa ao tradicional sanduíche, ele sugere cinco ingredientes que devemos utilizar na hora de aplicar esse novo tipo de lanche.
Feedback Wrap e seus 5 ingredientes
Ingrediente 1: Descreva o Contexto
Ofereça um contexto, deixe claro sobre o que vai ser falado. Pesquisas mostram que, em uma mesma empresa, colaboradores acham que não receberam feedback enquanto a liderança jura de pés juntos que o fez. Por que isso ocorre? Porque muitas vezes o contexto não está claro e a pessoa nem chega a entender que está, de fato, recebendo um feedback.
Ingrediente 2: Liste suas observações
Se você não for capaz de oferecer fatos, observações e exemplos reais, você não tem um feedback verdadeiro para oferecer. Lembre-se que feedback não é apontar o dedo, mas ser capaz de registrar o que se observa e, a partir daí, realizar uma análise objetiva sobre o que está funcionando e o que pode melhorar.
Ingrediente 3: Expresse seus sentimentos
Esse é um desafio bem grande, pois, na maior parte das vezes, temos um vocabulário bem restrito no que diz respeito aos nossos sentimentos. Recorrentemente, temos dificuldade de entender o que estamos sentindo e até mesmo quando estamos sentindo. Como nos sentimos quando observamos determinado acontecimento? Esse exemplo que temos para compartilhar com colaboradores e colegas no ambiente de trabalho é o desafio com que precisamos aprender a lidar para poder nomeá-los e expressá-los.
Ingrediente 4: Explique o valor
Esse é o ingrediente que explica o sentimento. Qual é a necessidade? Por que é importante estar oferecendo aquele feedback? Aqui, vale destacar que conseguir conectar o valor do feedback aos valores organizacionais é algo que traz ainda mais clareza sobre o que está sendo feito. A necessidade revela porque me sinto como me sinto.
Ingrediente 5: Ofereça sugestões
O que pode ser sugerido à pessoa que está recebendo o feedback para que ela dê um passo adiante, para que possa sair daquela situação que está sendo trazida à tona? São possibilidades que você oferece a ela como presente. É claro que a decisão final sobre qual caminho seguir será sempre do receptor, no entanto, é importante que o líder seja capaz de oferecer sugestões e caminhos.
Um bom feedback é isento de julgamentos
Se você prestar atenção, verá que em momento algum os ingredientes qualificam aquele que está recebendo um feedback. Ou seja, não aplica adjetivos à pessoa, principalmente de forma negativa. Por isso, vale ter cuidado com os adjetivos usados durante a conversa para que um momento tão importante como esse não se torne um grande espetáculo acusatório. Foque nos acontecimentos, não nas qualidades de quem o está recebendo. A partir disso, é essencial que juntos, quem dá e quem recebe o feedback, olhem para a situação e descubram um caminho a seguir.
Ah, e vale lembrar que os tais ingredientes também devem ser aplicados ao feedback positivo, para que esse não se torne algo desprovido de sentido, vazio, o simples elogio pelo elogio. Talvez já tenha ouvido frases do tipo: Você fez um ótimo trabalho! Sem ficar claro que parte do parte foi boa, o que você poderia repetir para continuar recebendo reconhecimento.
Feedback não é um roteiro clichê
Não se iluda! Preparar os ingredientes para um bom feedback, não significa que a conversa vai se desenrolar como você planejou. Afinal, você só tem uma parte da história. Por isso, desenvolver inteligência emocional e estar verdadeiramente presente, em uma atitude curiosa e amorosa é essencial.
Feedback é uma prática que nos mantém no caminho de aprendizado. Você já passou algum tempo sem receber um feedback no seu ambiente de trabalho? Como se sentiu? A maioria de nós, sente que está perdido, não sendo visto. Esta prática contribui para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho mais feliz e produtivo.
Bem, espero que, com essa “receitinha” do feedback wrap eu possa ter contribuído com essa prática tão importante e transformadora e que, como mostrei lá no início, ainda é um tema que causa desconforto em muita gente, além de, pior ainda, não ser bem utilizado por muitos gestores.
Caso você se interesse pelo tema e queira saber ainda mais, deixo o convite para me seguir no Instagram, no perfil @soufabianamello, onde falo mais sobre isso, tanto em posts quanto em vídeos.
Até lá!
4 comentários em “Feedback: por que é importante?”
Ótimo tema!
Mais um pra minha caixinha de ferramentas de feedback, o wrap ? obrigado
Que bom saber que este conteúdo agora faz parte da sua caixa de ferramentas.
Fabi!
Seu trabalho de desenvolvimento sempre agregando muito!!
Obrigada por compartilhar estes ensinamentos com gentileza e amor 🙂
Obrigada Sol! Fico feliz demais em saber que de alguma forma estou agregando por aí.