Um líder compassivo conquista a lealdade

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Esse texto não é sobre uma prática simples. Traz ideias e reflexões sobre uma atitude muito potente para as relações, para o ambiente empresarial e, mais ainda, para a comunidade onde cada um de nós vive.

Compaixão não é somente um sentimento, é também atitude e, felizmente, sua importância e seus benefícios começaram a ser reconhecidos a partir de pesquisas no ambiente organizacional, incentivando esta atitude em líderes que estão se tornando cada vez mais compassivos.

A compaixão é uma habilidade que pode ser desenvolvida, treinada. Ela é mais do que a empatia, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro e reconhecer como ele se sente. Compaixão envolve a ideia de verdadeiramente desejar que o outro não vivencie situações de sofrimento, se sinta bem, tenha suas necessidades essenciais atendidas e seja feliz. 

A compaixão deve estar acompanhada da ação, caso contrário corremos o risco de ficarmos paralisados, sensibilizados pelos momentos difíceis ou situações complicadas que outras pessoas vivenciam, com o nosso emocional afetado por essa compaixão sem ação.

O mais desafiador, e ao mesmo tempo transformador, para uma liderança compassiva talvez seja o trabalho individual do líder, deixando de olhar apenas para si mesmo e seus problemas individuais, ou da empresa, para olhar e escutar o outro. A competitividade, a dificuldade de lidar com a nossa própria emoção e frustração, o acúmulo de preocupação, o foco apenas nos resultados, a pressa diária… Se estamos concentrados em nós mesmos e preocupados que tudo dê certo, o que é comum no dia a dia, não percebemos as pessoas ao nosso redor e o impacto que nossas falas e ações provocam nelas.


Na prática, em que situações podemos ser líderes mais compassivos?

Gosto da provocação que uma matéria da Havard Business Review fez: Como devemos reagir quando um funcionário não está apresentando bom desempenho ou comete um erro?

Principalmente se o erro compromete parte importante de um projeto, ou do trabalho como um todo, a sensação de frustração e a raiva são emoções que podem surgir em todos nós. Nos moldes tradicionais o que fazemos, na esperança de ensinar uma lição ao funcionário e à equipe, é reprimirmos, punirmos e gerarmos constrangimento a quem cometeu o erro.

São escolhas que surgem diante da decepção, da frustração, da raiva pois quando há uma injustiça ou uma algo impróprio, nos sentimos muito incomodados. A vontade é de fazer algo que expresse esse sentimento. 

Mas é exatamente neste momento que podemos sair do foco em nós mesmos e olharmos o outro com compassividade e interesse. Percebe o quanto poderá exigir inteligência emocional?

Vai valer a pena. Segundo as pesquisas, quanto mais agirmos com compaixão e interesse, mais significativas as mudanças desenvolvidas na equipe e isso influencia diretamente os resultados.

Um estudo realizado por Jonathan Haidt, da New York University, indica que quanto mais os colaboradores admiram seus líderes e quanto mais são motivados pela compaixão e bondade, mais leais eles se tornam. E, claro, isso se expande a todo o time que observa o líder sendo compassivo com outras pessoas.

A compassividade constrói relações de mais afeto, de encorajamento, de lealdade e confiança. E, ao contrário da repressão ou punição, abre espaço para a criatividade e para que os funcionários continuem engajados e sugerindo novas ideias. No ambiente de medo, ansiedade e falta de confiança, as pessoas se fecham. 


Como podemos então reagir de maneira mais compassiva diante de um erro grave?

1. Conte até 10

Contar até 10 é maneira de dizer. A ideia é esperar um tempo para que você possa reconhecer a sua emoção e não reagir a partir dela.  Dr. James Doty, neurocirurgião da Stanford University e diretor do Centro de Pesquisa para Solidariedade e Altruísmo da Stanford University diz:  

“Ao voltar um passo, reservando tempo para refletir, você entra em um estado mental que possibilita uma resposta mais consciente, razoável e plausível.” 


2. Coloque-se no lugar do outro

Empatia envolve também o reconhecimento das necessidades do outro. Podemos identificar situações similares pelas quais também passamos e nos lembrar dos efeitos emocionais do constrangimento, da punição ou da repressão e, assim, refletir antes de reagir.


Uma habilidade que pode ser treinada

Compaixão na liderança gera muitos benefícios para as relações dentro da organização. O treinamento dessa habilidade passa pelo autodesenvolvimento. A prática de meditação tem sido muito indicada para que possamos reconhecer as nossas emoções e lidar melhor com nossa maneira padrão  forma de que reagir a elas.

Você consegue se lembrar de alguma situação em que reagiu a partir da frustração e da raiva e que poderia ter sido mais compassivo?

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