Em minha prática como coach, tenho observado muitas barreiras ao aprendizado, inovação e criatividade relacionadas a forma como lidamos com a vulnerabilidade e a vergonha. E a causa costuma ser ambientes de trabalho pouco tolerantes a falhas, falta de autonomia e o sentimento de que “sou apenas mais um”.
Acredito que compreender e aprender a lidar com Vulnerabilidade e Vergonha pode nos ajudar a romper essas barreiras, como enfatiza Brené Brown – PHD em serviço social e pesquisadora na Universidade de Houston – no livro A Coragem de Ser Imperfeito.
Estes sentimentos não geram impactos somente no âmbito profissional, mas em todas as nossas relações, pois estamos sempre aprendendo, inovando e utilizando nossa criatividade ao nos depararmos com qualquer situação na vida.
Vulnerabilidade
“Vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional.” – Brené Brown
A partir deste princípio, precisamos diferenciar Vulnerabilidade e Fraqueza. Muitos de nós acreditamos que, no ambiente de trabalho, não se deve lidar com sentimentos e emoções, de tal forma que gera impacto na maneira como nos comunicamos, assim como no desenvolvimento e motivação do time, uma vez que nos tratamos como máquinas. Em Management 3.0, o autor, Jurgen Appelo, ressalta que uma das práticas mais poderosas de desenvolvimento e engajamento é o feedback. A forma como eu lido com a vulnerabilidade impacta diretamente minha capacidade de dar e receber feedback.
A prática da comunicação não-violenta, proposta por Marshall Rosemberg, considera a expressão dos sentimentos durante o diálogo. Lidar com a vulnerabilidade é o caminho que possibilita o desenvolvimento de conversas mais conscientes.
Vergonha
“Vergonha é o sentimento intensamente doloroso ou a experiência de acreditar que somos defeituosos e, portanto, indignos de amor e aceitação.” – Brené Brown
A vergonha faz com nos sintamos incapazes de arriscar; afinal, se eu falhar, serei julgado, pois deixarei de fazer parte do grupo, assim como deixarei de ser aceito. Ela faz com que percamos a motivação para mudar e fazer melhor.
“O assassinato secreto da inovação é a vergonha.” – Peter Sheahan, empresário, palestrante e autor do best seller ‘Geração Y’.
Algumas dicas sobre como lidar com a vergonha, sugeridas por Brené Brown em seu livro são:
- Reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos. Observe suas reações em relação ao momento em sente vergonha. Essa atitude ajudará a identificar o que desencadeia esse sentimento;
- Praticar a consciência crítica. A partir do que observa, verifique se você está trabalhando sobre expectativas reais ou se sua autoexigência está gerando essas mensagens;
- Ser acessível. Você compartilha sua história com outros? Sem comunicação não há empatia;
- Falar da vergonha. Você conversa com alguém sobre como se sente?
“Eu não sou o que me acontece. Eu sou o que escolho me tornar.” – Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta
Superando barreiras
Costumo dizer que, se você não pode falar para, não fale de. Sinais de que a vergonha se instalou nas relações podem ser a culpa, a fofoca, o favoritismo, a crítica a alguém em voz alta na frente de outros. Todas são formas de diminuir, envergonhar ou humilhar outros e, assim, como resultado não demonstrar minha vulnerabilidade e vergonha.
Toda mudança começa pelo indivíduo. Você já deve ter dito ou presenciado alguém dizer a famosa frase “Ninguém muda ninguém”. Como você tem lidado com a vulnerabilidade e a vergonha?
Algumas sugestões que eu mesma tenho tentado colocar em prática, a partir das sugestões de B. Brown:
- Pratique feedback. Seja na empresa ou em casa com a família. Mostre que você se importa!
- Estabeleça relações de parceria. Seja empático, ocupe o mesmo lado da mesa. Diminua a distância.
- Aproxime seus valores de suas decisões. É comum nos perdermos e tomarmos decisões que não estão alinhadas a nossos valores.
- Pratique a autocompaixão. Não seja tão crítico consigo mesmo. Observe suas necessidades e sentimentos.
- Acredite em você mesmo!
Se desejamos ultrapassar as barreiras ao aprendizado, inovação e criatividade é preciso lidar com a vulnerabilidade e a vergonha. Isto também nos ajudará a desenvolver relações mais empáticas.
E você? Como tem lidado com vulnerabilidade e vergonha? Já havia refletido sobre o quanto impactam seus comportamentos no dia a dia?
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Referências
Appelo, Jurgen. Management 3.0: Leading agile Developers, Developing agile Leaders. Addison-Wesley Professional, 2011.
Brown, Brené. A coragem de ser imperfeito. Tradução de Joel Macedo. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.
Rosenberg, Marshall B.. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Tradução de Mário Vilela. São Paulo: Ágora, 2006.