Precisamos exercer a liderança de forma sustentável. Em um mundo onde as consequências das mudanças climáticas, da desigualdade social e do esgotamento dos recursos naturais se tornam cada vez mais evidentes e urgentes, a frase “Não existe planeta B” ressoa não apenas como um chamado à ação, mas também como um lembrete da responsabilidade compartilhada em promover a sustentabilidade. Dentro desse contexto, o Sistema B emerge como uma força para o bem, propondo uma nova maneira de pensar a relação entre negócios, sociedade e meio ambiente.
Nosso Contexto
Conforme revelado pelo relatório sobre Riqueza Global, publicado em 2023 por Credit Suisse e UBS, 1% da população detém impressionantes 50% das riquezas do planeta. Essa disparidade não é novidade, já há alguns anos, esse cenário se repete. Além disso, o Brasil segue entre os mais desiguais do mundo em 14o. lugar, dividindo posição com o Congo. Paralelamente, de acordo com dados do IBGE, 1% das pessoas no Brasil tem uma renda média mensal 32,5 vezes maior do que o rendimento da metade mais pobre da população.
Por outro lado, o Centro de Resiliência da Universidade de Stockholm apresenta o conceito de limites planetários com um conjunto de nove dimensões dentro das quais, como humanidade, podemos continuar a nos desenvolver e prosperar. Em setembro de 2023, a medição afirma que 6 das 9 dimensões já cruzaram o limite, aumentando o risco de mudanças ambientais abruptas e irreversíveis em grande escala.
Como tudo isso se relaciona com seu papel exercendo gestão e liderança? Vem comigo!
Paradigma da degeneração versus regeneração
A interação social e ambiental atual exige uma transformação urgente. Neste contexto, Marshall Rosenberg, ao discutir Comunicação Não Violenta, enfatiza o contraste entre o paradigma da dominação e da parceria. De maneira semelhante, esses paradigmas se assemelham aos conceitos de degeneração e regeneração, especialmente no que diz respeito à nossa maneira de interagir com o meio ambiente e os recursos naturais. Portanto, entender estas nuances é crucial, e constitui um caminho para a conscientização. Este processo, por sua vez, pode nos impulsionar para uma transformação cultural profunda na maneira como assumimos responsabilidades ambientais.
Paradigma da Degeneração
O paradigma da degeneração caracteriza-se por um modelo de interação essencialmente extrativista. Desta forma, os recursos naturais são predominantemente vistos como meios para atingir fins econômicos imediatos, sem levar em conta as consequências a longo prazo. Assim, neste paradigma, é possível identificar vários aspectos críticos:
- Consumo Excessivo: O consumo de recursos ultrapassa a capacidade de renovação natural do ambiente, levando à diminuição de recursos que são vitais como água, solo fértil e biodiversidade.
- Poluição: As atividades industriais e agrícolas, sob este paradigma, frequentemente acabam levando a degradação ambiental, incluindo poluição do ar, da água e do solo.
- Visão de Curto Prazo: Decisões são frequentemente tomadas com foco em ganhos imediatos ou de curto prazo, sem considerar os impactos para futuras gerações.
- Desconexão da Natureza: Existe uma tendência de ver a humanidade como separada e independente da natureza, o que justifica a exploração irrestrita dos recursos naturais.
Paradigma da Regeneração
Em contraste, o paradigma da regeneração foca na sustentabilidade e na renovação. Este modelo encoraja práticas que não apenas minimizam o dano ao ambiente, mas ativamente contribuem para a sua recuperação e vitalidade. As características desse paradigma incluem:
- Sustentabilidade: Uso dos recursos naturais de maneira que sua recuperação e renovação sejam possíveis, garantindo que as gerações futuras também possam usufruir desses recursos.
- Restauração Ambiental: Iniciativas que visam restaurar ecossistemas danificados e promover a biodiversidade, ao invés de apenas mitigar os danos causados por práticas anteriores.
- Visão de Longo Prazo: Decisões são tomadas, levando em conta os impactos de longo prazo, priorizando a saúde e a resiliência ambiental acima de ganhos imediatos.
- Integração com a Natureza: Reconhece a interdependência entre nós, seres humanos, e a natureza, promovendo uma coexistência sustentável.
Que características de cada um dos paradigmas você reconhece em seu ambiente de trabalho hoje?
Degeneração | Regeneração |
Medo Separação Ignorância Ilusão Desconfiança Mágoa Insegurança Inconsciência Degeneração Desigualdade Acúmulo Competição Individualismo Barreiras Prisão Guerra Sombra | Amor Unidade Inteligência Verdade Confiança Perdão Segurança Consciência Regeneração Equidade Distribuição Cooperação Coletivismo Espaços Liberdade Paz Luz |
Transição entre Paradigmas
A transição do paradigma da degeneração para o da regeneração não é apenas uma questão de alterar práticas específicas, mas também uma transformação fundamental na maneira como a sociedade valoriza e interage com o meio ambiente. Algumas práticas que nos prendem ao paradigma da degeneração são:
- Lucro pelo lucro
- Liderança que toma decisões em seu próprio benefício
- Produtos e Serviços sem sentido
- Ambiente de trabalho escravizante
- Hierarquia e Centralização de poder
O paradigma da regeneração oferece a visão de um futuro onde a relação entre humanos e a natureza é equilibrada e mutuamente benéfica. Ao adotar essa abordagem, podemos aspirar a um mundo onde os ecossistemas são não apenas preservados, mas revitalizados, garantindo um legado de abundância e saúde ambiental para as gerações futuras.
É neste contexto que o Sistema B vem buscando fazer a diferença.
O que é o Sistema B?
O Sistema B representa uma comunidade global de empresas e líderes que não se comprometem apenas com o retorno financeiro, mas que também estão igualmente comprometidos com metas ambientais e sociais. Este movimento surgiu nos Estados Unidos em 2006, buscando redefinir o sucesso nos negócios, e hoje tem uma rede de mais de 7.000 empresas certificadas em mais de 70 países, incluindo gigantes como a Ben & Jerry’s e Patagonia.
No Brasil já somos mais de 300 empresas B certificadas, incluindo Natura, Hering, Weleda, Reserva, Rentcars e muitas outras que talvez você conheça.
As empresas que buscam a certificação B passam por um processo de avaliação detalhado, medido através de uma ferramenta chamada Avaliação de Impacto B, carinhosamente apelidada de BIA, que analisa a governança da empresa, o impacto ambiental, bem como as relações com pessoas colaboradoras, a comunidade e clientes. Por fim, a pontuação resultante determina se a empresa pode ser certificada como uma B Corp, o que simboliza seu compromisso com padrões sustentáveis para as seguintes dimensões: Governança, Trabalhadores, Comunidade, Meio Ambiente e Clientes.
A Metodologia do Sistema B
A metodologia do Sistema B envolve uma mudança de paradigma que desafia as empresas tradicionais a repensarem sua forma de operar. A avaliação realizada através da BIA, proporciona:
- Transparência: Reportar impactos de maneira aberta e honesta, tanto para os stakeholders quanto para o público em geral, ajuda a construir confiança e credibilidade, além de fomentar uma cultura de responsabilidade.
- Responsabilidade: Assegurar que as práticas sejam integradas em todos os níveis organizacionais e que as decisões corporativas reflitam um compromisso genuíno com esses objetivos.
- Competitividade: Medir o impacto social e ambiental através de padrões verificáveis, podem ajudar a organização a se destacar no mercado que vem se tornando cada vez mais consciente.
- Inovação: A avaliação desafia a organização a buscar novas soluções e melhorar seu desempenho nos âmbitos ambiental e social.
- Atração de talentos: As organizações com compromisso firme com questões sociais e ambientais vem atraindo talentos que compartilham desses mesmos valores e buscam culturas que se preocupam com estas questões.
Liderança Sustentável: O Papel da Liderança no Sistema B
Finalmente, qual o papel da liderança neste contexto? No coração do Sistema B está a liderança. Transformar uma organização presa ao paradigma da degeneração em uma B Corp certificada requer mais do que apenas mudanças operacionais. De fato, a certificação B exige uma mudança na forma de pensar e uma mudança cultural, as quais devem ser ser iniciadas pela liderança. Portanto, a liderança sustentável precisa ser visionária e capaz de inspirar e mobilizar as equipes em torno de um propósito comum que transcende o resultado financeiro.
Esses líderes são também catalisadores de mudança, influenciando não só suas próprias organizações mas também a indústria e a comunidade em um sentido mais amplo. Precisam aprender a pensar sistemicamente e agir localmente, entendendo que as decisões de negócios podem ter impactos exponenciais. Além disso, são defensores de uma governança que equilibre as necessidades de todos os envolvidos, desde empregados e fornecedores até clientes e a comunidade onde operam.
Você já pensou sobre sua responsabilidade neste contexto?
Desafios e Oportunidades no exercício da uma liderança sustentável
Adotar o modelo do Sistema B não vem sem seus desafios. Inicialmente, muitas empresas enfrentam dificuldades no início do processo de certificação, principalmente devido à necessidade de reestruturação profunda de suas práticas de negócios. Além disso, esse processo pode exigir mudanças em cadeias de suprimentos, bem como a revisão de políticas internas, sem esquecer o investimento em soluções ecológicas e desenvolvimento de novos sistemas de relatórios.
No entanto, as oportunidades superam em muito os desafios. Empresas certificadas pelo Sistema B frequentemente experimentam uma melhoria com relação ao posicionamento da marca e sua reputação, atraem pessoas que valorizam locais de trabalho éticos e sustentáveis, e conseguem acessar novos mercados e demografias de clientes que priorizam a sustentabilidade. Além disso, muitas descobrem novas formas de inovação ao buscar soluções para os desafios sociais e ambientais.
Liderança Sustentável: Ser B não é uma posição, é uma direção
A certificação B não é um destino, mas um caminho de transformação e consciência, buscando ser melhor para o mundo, para as pessoas e para a natureza. Não é possível que possamos seguir agindo sem nos preocuparmos com o impacto de nossa atuação. Estamos destruindo o planeta, estamos adoecendo as pessoas.
O Brasil é hoje o 2o. país no mundo com mais casos de burnout, ficando atrás somente do Japão. Em torno de 30% das pessoas sofrem de esgotamento físico e mental provocado pela forma como se relacionam com o trabalho. Precisamos dar um basta nesta realidade.
Nossa única opção é tornar a Terra um lugar onde todos possam prosperar. A liderança sustentável não é apenas sobre conduzir uma empresa; é sobre moldar o futuro de nossa sociedade e nosso ambiente. Nesse sentido, cada líder se torna um agente crucial de mudança, não só em suas organizações mas em todo o tecido socioeconômico global.
Não existe planeta B. A transformação precisa começar, senão agora, quando?
Pronto/a para transformar sua jornada de liderança e se preparar para futuras conquistas? 🌟 Me envie uma mensagem e vamos explorar estratégias personalizadas que vão tornar o seu estilo de liderança sustentável.