Colaboração e Senso de Equipe: Realidade vs Expectativa

RealidadeVersusExpectativa
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Entender por que fazemos certas coisas e o comportamento uns dos outros no ambiente de trabalho, se relaciona diretamente com a cultura organizacional, nos permitindo definir o que é o comportamento normal esperado neste ambiente. Parece simples, mas na prática, há uma influência bastante grande de expectativas e crenças na interpretação do que acontece, refletindo assim no senso de equipe e possibilidade ou não de colaboração.

Se não tomamos consciência sobre aquilo que acontece além do que é visível, o resultado de nosso trabalho será reflexo das suposições básicas do grupo, mais do que de nosso planejamento” –  Peter Drucker

A definição de acordos para o trabalho em equipe oferece uma grande contribuição para o desenvolvimento do senso de equipe e por consequência um ambiente de colaboração. Segundo Edgard Schein, estamos em contínua definição de suposições básicas com relação ao ambiente de trabalho, a partir daquilo que assumimos como verdadeiro – consciente ou inconscientemente – com relação ao que nos acontece. Parece complexo?

Criar acordos de maneira colaborativa, pode ser uma alternativa para que toda a equipe construa uma perspectiva comum sobre seus objetivos e motivações, aumentando alinhamento e reduzindo conflitos. Transformando com isso, expectativas em realidade.

Uma das ferramentas propostas pelo movimento Collaboration Superpowers idealizado por Lisette Sutherland é o Team Canvas. Uma ferramenta visual que permite estabelecer acordos de maneira colaborativa, criando um senso comum.

Imagem disponível em: https://theteamcanvas.com/assets/team-canvas-basic-example.png

O quadro desenvolvido por Alex Ivanov e Mitya Voloshchuk – mentores de startups atuando nos Estados Unidos – possibilita um registro visual dos acordos estabelecidos pela equipe.

Em minha experiência prática, o uso de ferramentas e gestão visuais traz uma grande contribuição para a construção colaborativa e a redução da complexidade em cenários ambíguos.

Vamos explorar cada parte do quadro?

Pessoas e Papéis

Quem são os colaboradores e que papéis eles executam? A clareza de papéis ajuda possibilita desenvolver foco e produtividade na execução das tarefas. Muitos colaboradores tem dúvida sobre o seu papel na equipe, e o que é responsabilidade de quem. Este é um primeiro passo.

Uma outra pergunta importante proposta para esta área do quadro é: Como somos chamados em equipe? Houve uma época no exercício de meu papel como líder, em que eu era chamada pela sigla do software que o time desenvolvia. Isto talvez possa dar uma pista, sobre o papel de especialista que eu desempenhava na época e o quanto talvez o meu papel como líder estava sendo negligenciado.

Objetivos Comuns

O que nós como grupo queremos realmente alcançar? Qual é nosso principal objetivo – viável, mensurável e com prazo determinado?

Estabelecer um objetivo comum para a equipe é uma pré condição para tomada de decisões mais conscientes e assertivas. Em Management 3.0, este tema faz parte da perspectiva Alinhar Restrições. É preciso ter claro onde queremos chegar para que toda a equipe seja capaz de remar na mesma direção. 

Objetivos Individuais

Quais são nossos objetivos individuais? Existe algum objetivo pessoal que possa ser compartilhado? Alinhado aos objetivos comuns, quais são os objetivos individuais que contribuem para o resultado do grupo. De que forma estes objetivos se relacionam a meus objetivos pessoais ao me vincular a esta equipe? 

Propósito

Que por que está por tras de seus objetivos? O que esperamos gerar como valor a partir daquilo que realizamos em conjunto. A falta de clareza de propósito é fonte de conflito, falta de motivação e engajamento em muitas equipes. 

Valores

Que são os principais valores que como equipe vocês estão dispostos a praticar? O que guia seus princípios? A reflexão sobre valores oferece uma grande contribuição sobre a consciência com a qual me relaciono com o trabalho. Fonte de muitos conflitos, ainda é um aspecto negligenciado por muitas equipes. Se você não tem clareza sobre quais são os seus valores individuais, um processo de coaching pode te ajudar.

Fortalezas e Capacidades

Quais são suas forças: coisas que podem levá-los adiante? Quais são as capacidades que temos na equipe e podem nos ajudar a alcançar nossos objetivos comuns? Que habilidades interpessoais nós temos? No que somos bons, individualmente ou como equipe?

É comum focarmos no que ainda precisamos desenvolver e no que precisamos ser melhores. Esta análise nos ajuda a identificar o que temos e como podemos nos complementar. Por exemplo, nunca fui muito boa em negociação, por isso, contava sempre com o apoio de alguém da equipe nestes momentos. 

Fraquezas e Riscos

Quais são nossas fraquezas: coisas que podem gerar obstáculos? O que nossos colegas precisam saber sobre nós? Que obstáculos vemos a frente, justamente por sermos como somos? Mais uma vez faça uma análise individual e também como grupo. Seja transparente e honesto consigo mesmo. Por vezes, acreditei que como líder precisava construir a imagem do ser humano perfeito, do herói. Esta atitude só aumenta o risco da equipe. Só posso transformar algo que me é consciente. O mesmo vale para a visão em equipe.

Necessidades e Expectativas

Quais são as necessidades e expectativas da equipe? O que cada um de nós precisa para alcançar um bom resultado? Quais são nossas necessidades pessoais frente ao trabalho em equipe para que seja possível oferecer o meu melhor? 

Para a construção de todas as áreas do quadro é necessário respeito, transparência, escuta ativa, mas em minha perspectiva nesta área é ainda mais importante. Lembre-se que o que é bom para você pode não ser para o outro. Acolha a diferença.

Regras e Atividades

Que regras básicas estamos dispostos a compartilhar? Como vamos nos comunicar, tomar decisões, dar e receber feedback, …? Regras devem ser seguidas, então tenha o cuidado de não burocratizar demais ou enrijecer o fluxo do trabalho. 

O quadro propõe 9 áreas e dependendo do nível de maturidade da equipe, cada área pode alcançar um nível mais profundo de reflexões ou não. Só fará sentido a construção deste acordo, se puder se mantido em evolução e coerente com o contexto. Mais do que estabelecer acordos é importante a intenção genuína de desenvolver colaboração e senso de equipe para que a ferramenta funcione.

Se você atua em equipes remotas, uma sugestão é utilizar uma ferramenta online e visual como Miro, por exemplo.

Que acordos você tem estabelecidos hoje com seu time para desenvolver senso de equipe e colaboração?

Este conteúdo é parte do workshop Work Together Anywhere. Participe da próxima turma!

Leia mais no blog:

https://www.fabianamello.com.br/como-melhorar-a-colaboracao-no-trabalho-remoto/

https://www.fabianamello.com.br/como-atingir-a-alta-performance/

https://www.fabianamello.com.br/voce-tem-as-habilidades-para-liderar-uma-equipe/

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