Minha última leitura em 2018 foi o livro Capitalismo Consciente – Como Libertar o Espírito Heroico dos Negócios. Os autores são John Mackey e Raj Sisodia. Mackey é CEO da WholeFoods Market, líder mundial na venda de alimentos naturais, orgânicos e sem conservantes. Raj Sisodia é professor e pesquisador da Universidade Babson, tradicional escola de negócios dos Estados Unidos. Esse é, realmente, um livro inspirador, que me proporcionou muitos insights. E também me motivou a escrever uma série de artigos, compartilhando meu aprendizado a partir dessa leitura.
Do que trata o livro?
Capitalismo Consciente é mais que um livro, é um movimento. Ele convida os gestores das organizações a repensarem seu objetivo e a ampliarem a consciência a respeito de seu potencial transformador na sociedade em que vivemos. Como não posso detalhar todos os aprendizados que tive a partir dessa leitura em um único artigo, já que poderia acabar transformando-se em um novo livro, vamos começar pelo começo!
O objetivo do movimento Capitalismo Consciente é inspirar a criação de mais empresas conscientes, impregnadas de propósitos elevados e que levem em consideração os interesses dos envolvidos (stakeholders).
Parece utopia, mas é real! Muitas empresas estão engajadas nesse movimento e demonstram resultados que apontam que é possível ser consciente e gerar lucro. Aliás, o movimento tem um capítulo sobre o Brasil, inspirando empresas a empreenderem a partir de novos princípios.
“Se o conselho é bom, o exemplo arrasta” – RonyMeisler, CEO da grife Reserva, uma das principais marcas de moda do Brasil, e presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil
Ao analisarmos nossa história, e as definições por trás do capitalismo, percebemos que deixamos a perspectiva humana e ética de lado e mantivemos o foco na maximização de resultados. Porém, a prática das empresas conscientes confirma que tais perspectivas não são excludentes.
“Acreditar que uma empresa existe somente para lucrar é como afirmar que todo o objetivo do ser humano se limita a comer” – Flávio Rocha, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Guararapes Confecções, maior conglomerado de moda do Brasil, ao qual pertencem as Lojas Riachuelo.
Os quatros princípios da empresa consciente
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Propósito
Ter um propósito maior, que vai além do lucro. E, mais do que isso, transmiti-lo com clareza. Além disso, ter valores centrais compartilhados. Em minha experiência facilitando workshops de Management 3.0, tenho observado que muitas empresas não têm clareza sobre seus valores, e tão pouco são coerentes com esses valores na tomada de decisões.
Integração das Partes Interessadas
Empresas conscientes reconhecem cada uma das partes interessadas, entendendo que todas estão conectadas e são interdependentes. Parece óbvio, mas muitas organizações deixam de ouvir seus clientes, por exemplo. Em uma época em que temos discursado sobre o foco e orientação ao cliente, muitas organizações ainda têm dificuldade para orientar suas decisões levando em consideração essa perspectiva.
Liderança Consciente
São os líderes que têm a possibilidade de motivar e inspirar os times. São eles que podem nutrir um sistema capaz de implementar a estratégia que leva a organização a realização de seu propósito maior. Desta forma, o líder consciente não se limita à visão analítica do negócio, mas possui altos níveis de inteligência emocional e espiritual.
Cultura e Gestão Conscientes
A cultura é que estabelece o limite dos comportamentos baseados nos valores compartilhados, orientados pelo propósito maior. Entre as características que as empresas conscientes compartilham estão confiança, responsabilidade, transparência, integridade, lealdade, igualitarismo, justiça e crescimento pessoal, além de amor e cuidado.
A famosa frase atribuída a Peter Drucker, o ‘pai’ da administração moderna – “A cultura come a estratégia no café da manhã”-, revela muito sobre a importância deste princípio. Além da cultura, no âmbito da gestão, busca-se a descentralização, autonomia e colaboração como forma de ampliar a capacidade de inovação.
Capitalismo Consciente não é responsabilidade social corporativa.
Em organizações conscientes, a criação de valor a todas as partes interessadas é intrínseca ao negócio. E, como partes interessadas, também são consideradas a sociedade e o meio ambiente. Em organizações orientadas somente para o lucro, em geral, existe uma área de responsabilidade social, instalada como departamento autônomo. Os programas sociais tendem a ter como intuito a melhoria da reputação da organização através de gestos de caridade. Assim, empresas conscientes reconhecem que elas são um subconjunto da sociedade.
O despertar da consciência é algo que acontece durante a jornada, e, por isso, é preciso colocar-se a caminho. Portanto, acredito que esse movimento possa ganhar força a partir da necessidade que encontramos hoje de atuarmos em comunidade de maneira mais sustentável.
“As organizações têm de ver as pessoas não como recursos, mas como fontes. Recurso é como carvão que você queima e se extingue. Fonte é como a energia inesgotável do sol, gerando continuamente luz e calor”, reforçam John Mackey e Raj Sisodia. Então, que sejamos fonte de transformação da sociedade através de nossa atuação.
O primeiro passo? Devemos agir em coerência com nossos valores. Você sabe quais são os seus?
Se você ainda não leu Capitalismo Consciente, eu recomendo!
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Até a próxima!