Como autoconhecimento e consciência podem me ajudar a melhorar a comunicação?

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Leia o texto na íntegra ou ouça o episódio do Podcast:

Há alguns dias atrás finalizei a leitura do livro Autocompaixão, escrito por Kristin Neff. Kristin é professora na Universidade do Texas e autora da escala de Autocompaixão, PhD e primeira pesquisadora sobre o tema. Confesso que o título me fez pensar que tratava-se de mais um livro de autoajuda, mas a recomendação de uma pessoa querida fez com que eu desse atenção a este tema.

Em minha crença sobre o significado de autocompaixão, imaginava uma atitude permissiva e que tenderia a procrastinação, porém, a partir dos conceitos propostos por Kristin, pude ressignificar este conceito e entender a importância desta prática nos diálogos, nos comportamentos pró ativos e porque não dizer também na saúde e bem-estar.

A autocompaixão não significa considerar os meus problemas mais importantes do que os seus, significa apenas colocar ambos os problemas no mesmo nível de importância, entendendo-os como dignos de serem atendidos. – Kristin Neff em seu livro Autocompaixão.

Talvez você possa estar se perguntando, mas qual a relação entre autocompaixão, autoconhecimento e consciência? Praticar autocompaixão requer que eu observe minhas reações, me conheça, entenda meus sentimentos e emoções, ou seja, autoconhecimento e consciência.

Kristin apresenta 3 principais componentes para esta prática:

Autobondade

Interromper o autojulgamento constante e comentários depreciativos internos. Quando nós nos observamos é possível perceber o quanto somos mais críticos conosco. Faça o teste, pense em uma situação difícil e como você confortaria um amigo querido nesta situação. Você faria o mesmo com você mesmo?

Reconhecimento da experiência humana comum

Ser humano significa ser imperfeito. Sentimentos de inadequação e decepção são comuns por todos. Reconhecer isso possibilita nos abrirmos e evitarmos as comparações. Kristin faz uma análise entre autoestima e autocompaixão e como a busca por sermos acima da média, sempre melhores, nos faz sentirmos isolados e sozinhos.

Atenção Plena

Observar o fato, enfrentar a realidade e responder a situação da maneira mais compassiva possível.

Há alguns dias passei por uma situação em que pude colocar em prática a autocompaixão proposta por Kristin. Confesso que foi um exercício e tanto. Estávamos hospedados na casa de uma pessoa da família, muito querida, e no momento de nos despedirmos e voltarmos para nossa casa, fomos carregar o carro com nossa bagagem. Para isso deixamos algumas malas estacionadas em uma vaga de garagem vazia. Em poucos instantes o dono da garagem chegou e muito irritado estacionou o carro sobre nossa bagagem. As crianças estavam cuidando das bagagens e ficaram muito nervosas com a situação. O dono da garagem alterou seu tom de voz e fez uma série de acusações.

Foi realmente uma situação bem constrangedora. Em um primeiro momento senti raiva e apreensão. Raiva, pois ela não nos deu tempo para remover nossa bagagem, simplesmente estacionou o carro sobre elas e apreensão com o estrago que poderia ter causado, já que meu notebook com todo meu trabalho estava em uma das malas. Também despertou em mim o impulso de defender as crianças que estavam sendo verbalmente agredidas, mas depois de alguns instantes, pude:

  1. Interromper o julgamento: Já estava pensando que não deveria ter deixado as crianças sozinhas e que deveria eu mesma ter cuidado da bagagem;
  2. Reconhecimento da experiência humana: Não tenho como controlar tudo e estar em todos os lugares, todos tomam decisões como estas todos os dias;
  3. Atenção Plena: Nada foi danificado, nós quebramos a regra ao deixarmos as bagagens estacionadas em uma vaga. A dona da garagem poderia estar em um dia dificil ou já ter passado por situações como essa e nós fomos a gota d’agua. 

Enfim, pedimos desculpas e seguimos nossa viagem.

Não precisamos estar sempre certos, sermos perfeitos e nos punirmos sempre que o resultado de nossas ações não sai como esperado, mas, ao contrário disso, podemos observar a realidade e praticando a autocompaixão termos a certeza de que podemos aprender com as situações difíceis e assim fazer diferente em uma nova oportunidade. 

E o que isso tem haver com comunicação? Seguindo a prática da comunicação não violenta, proposta por Marshall Rosenberg, o primeiro passo para uma comunicação bem sucedida é apresentar o fato sem julgamento e na sequência expressar o meu sentimento a partir do fato. Combinar comunicação não violenta a prática da Autocompaixão pode tornar nossos diálogos cada vez mais conscientes e produtivos.

E você? Se considera um autocrítico? Pratique a autocompaixão e depois compartilhe comigo o seu aprendizado.

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