Será que é realmente possível praticar assertividade e empatia ao mesmo tempo? Ao longo dos anos, enquanto humanidade, fomos evoluindo da integração para a separação. Já vivemos em bandos, não é verdade? Hoje, vivemos isolados. Neste caminho, fomos desenvolvendo a crença de que diante dos desafios da vida, estamos sempre diante de encruzilhadas, em que uma decisão parte da perspectiva de isso ou aquilo.
No ambiente de trabalho não é diferente. A forma como nos comunicamos é muito influenciada por este jeito de pensar: isso ou aquilo. Neste sentido, soa estranho pensarmos em sermos assertivos e ao mesmo tempo empáticos. Aqui não é isso ou aquilo, mas o e que prevalece.
Vamos partir dos conceitos?
Afinal, o que significa assertividade e empatia?
Diz o dicionário que assertivo é aquela pessoa que demonstra segurança, decisão e firmeza em suas atitudes e palavras. O famoso ir direto ao ponto.
Você já se pegou em dúvida sobre dizer algo para alguém, com medo de que ir direto ao ponto, pudesse impactar o seu relacionamento? Se a resposta for sim, estamos juntos.
Nem sempre conseguimos ser assertivos, pois nos preocupamos demais com o que o outro vai pensar ou como vai reagir. E agindo desta maneira, deixamos de comunicar aquilo que precisa ser comunicado. Ou tentamos fazer isso, mas com tantos rodeios, que quem recebe a comunicação na verdade acaba sentindo confusão.
Já empatia, no âmbito da psicologia, é a definição do processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro. E a partir daí, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
Como combinar assertividade e empatia?
Na primeira dimensão, a empatia, desenvolva interesse genuíno pelas pessoas com quem você convive. Importar-se pessoalmente. Ultrapasse a fronteira do profissional, e se aprofunde nos relacionamentos, incentivando a equipe a fazer o mesmo.
Na segunda dimensão, a assertividade, seja capaz de dizer o que precisa ser dito. Confronte diretamente.
Para que isto seja possível é necessário desenvolver uma forma de comunicação clara, e humilde (ninguém disse que ia ser simples).
Um ambiente que prioriza a assertividade e a empatia, possibilita que a equipe:
- aceite melhor elogias e críticas;
- ofereça feedback honesto;
- adote esta postura com seus parceiros;
- aceite sua função na equipe;
- foque em resultados.
Como combinar assertividade e empatia?
Segundo Kim Scott, autora do livro Empatia Assertiva, seu progresso depende de seus relacionamentos, não de seu poder. Essa afirmação contradiz um pouco a perspectiva mecanicista relacionada ao exercício da liderança.
Afinal, a partir desta perspectiva, manda quem pode e obedece quem tem juízo, e este ditado revela o quanto muitos de nós ainda acredita que o progresso está relacionado ao poder.
É claro que esta crença foi desenvolvendo comportamentos que parecem ter dado certo ao longo dos anos, caso contrário não se perpetuaria. Mas, já percebemos que o futuro nos convida a resiliência e colaboração, um ambiente em que esta metáfora já não é mais tão bem sucedida.
Neste contexto, Kim Scott, nos convida a estarmos atentos como líderes a:
- Desenvolver uma cultura de feedback, mantendo todas as pessoas avançando na mesma direção;
- Saber o que motiva cada pessoa, evitando a exaustão ou o tédio;
- Gerar resultados trabalhando em colaboração.
Estes são os ingredientes para nutrir uma boa relação de confiança com a equipe, favorecendo uma relação assertivamente empática.
Como você recebe críticas?
“Só critique depois de mostrar que consegue suportar as críticas alheias.” – Kim Scott
A forma como recebemos feedback de alguém vai encorajar ou sufocar essa prática. Se você reage de maneira negativa, isso fará com que a pessoa, se esquive de uma nova situação como essa. Uma sugestão é ouvir para entender e recompensar de maneira positiva a transparência.
Quando não somos assertivamente empáticos com alguém, provavelmente estaremos praticando:
- Agressividade Ofensiva: Usar o que você sabe sobre as pessoas para magoá-las, destrói a relação de confiança, cria um ambiente em que as pessoas tem medo de se expressar com honestidade. Isso acontece quando o feedback é oferecido em forma de crítica, sem demonstrar que se importa com o outro.
- Insinceridade Manipuladora: Acontece quando uma pessoa espera que todos gostem dela ou acham que podem conquistar algum tipo de vantagem política sendo falsas. Se nos preocuparmos com o que os outros vão pensar de nós, estaremos menos dispostos a dizer o que precisa ser dito.
- Empatia Nociva: Acontece quando nos importamos com alguém, mas não temos coragem dizer o que precisa ser dito.
Entre agressividade ofensiva e empatia assertiva há uma linha tênue. É importnte cuidar para não personalizar as críticas, dizendo o que o outro é ou não. Em vez disso, devemos trazer atenção para os fatos, acontecimentos, observações.
Vamos praticar?
Aprender a expressar o que sentimentos e nossas necessidades de maneira positiva, nos responsabilizando é um caminho para o desenvolvimento de relações adultas, em que podemos crescer e nos desenvolver juntos como equipe.
Se para você ainda é difícil, comece aprendendo a ouvir. Peça feedback através de perguntas abertas, como por exemplo: O que eu poderia fazer ou deixar de fazer para melhorar o nosso dia-dia juntos?